Pelas ondas do rádio, alunas divulgam campanha sobre preservação do cerrado e mudam práticas pedagógicas em escola de Alto Paraíso de Goiás (GO).
“Você sabia que restam apenas 20% da vegetação original do cerrado?”, questiona a estudante Cora Rebello em campanha veiculada na Paraíso FM, rádio da cidade de Alto Paraíso de Goiás (GO), em que ela e outras quatro colegas divulgaram pequenos programas sobre desmatamento e queimadas do ecossistema. (Clique aqui e escute os programas)
A partir de projeto realizado na Escola Vila Verde, as estudantes do 6º e 7º ano do ensino fundamental não só criaram a campanha para conscientizar a população sobre o problema, mas também mudaram as práticas pedagógicas da escola. “Eu, a Emilly e a Maya éramos do 6º ano e a Laís e a Tchandra do 7º. A gente quis fazer juntas [este trabalho] mesmo sendo de salas diferentes e isso acabou criando o projeto inter turmas na escola”, explica Cora.
De acordo com uma das professoras orientadoras do grupo, Lidiane Vilela, apesar de a escola trabalhar com classes bisseriadas, foi a primeira vez que um mesmo projeto envolveu turmas diferentes do colégio. “A partir desta experiência, uma vez por semana as crianças se reúnem por grupos de interesse, definem os temas que querem estudar e se misturam, independente das séries, para discutir sobre aquele assunto”, explica. E complementa: “foi como se nós tivéssemos tirado as paredes das salas de aula e, hoje, todas as crianças têm a oportunidade de aprender umas com as outras”.
Colocando o projeto em prática durante o ano de 2016, as estudantes se reuniam semanalmente para realizar pesquisa em sites e livros sobre o cerrado, entrevistar especialistas da cidade e, é claro, fazer as gravações para a rádio. “A gente separou as perguntas [que precisavam ser respondidas] e pesquisamos sobre como apagar o fogo das queimadas e sobre o começo do desmatamento no Brasil em 1500 com a chegada dos portugueses”, exemplifica a aluna Tchandra Paes, apesar de reconhecer que o maior desafio foi o de superar a vergonha para conseguir falar na rádio.
Incêndio próximo à escola
A motivação para o projeto, no entanto, ocorreu em novembro de 2015, quando as chamas de uma queimada no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros chegaram em área próxima à escola. “Eu achei que ia queimar minha casa, porque era muito perto da montanha que estava pegando fogo. A gente estava na escola, vimos muita fumaça e o fogo descendo a montanha”, relata a aluna Cora.
Voltando às aulas, no início de 2016, a aluna resolveu que o tema de seu projeto seria sobre o desmatamento e a queimada do cerrado, o que acabou atraindo o interesse de suas colegas. “Na época havia muitas queimadas e as pessoas estavam botando fogo nos parques e em suas próprias terras para criar gado. A gente queria conscientizar a não fazerem mais isso porque é horrível para a natureza”, explica Tchandra.
Em um dos programas veiculados na rádio, a aluna explica como ocorrem as queimadas no bioma em que vivem: “no período da seca, a vegetação do cerrado fica altamente inflamável, ou seja, torna-se um combustível. E isso contribui para que o fogo se espalhe rapidamente, colocando em risco não só os animais e plantas, como também as pessoas”.
Parcerias com a comunidade
Além de contarem com a orientação das educadoras Lidiane Vilela e Daniela Razuk, o projeto teve o apoio, também, de representantes da Prefeitura e da comunidade próxima à escola. “O secretário de cultura conseguiu um estúdio para a gente gravar os programas e aí conseguimos levar para a emissora”, conta Lidiane, citando que a participação das estudantes ocorreu ao vivo e no horário de almoço, em um dos programas de maior audiência.
Para além da divulgação na rádio, a iniciativa impactou outros alunos da escola que também se mobilizaram pela preservação do cerrado: “[estudantes do 7º e do 8º ano do ensino fundamental] fizeram uma campanha para a página de facebook da escola que acabou sendo veiculada em televisões [de conteúdo institucional] que ficam nos comércios da cidade. Na divulgações, eles mostravam alertas sobre como se tornar um brigadista voluntário em casos de incêndio”, conta a educadora. E completa: “eles construíram um vídeo na própria escola ensinando como fazer um abafador caseiro para lidar em situações de queimadas”.
Redação: Gabriel Maia Salgado e Vanessa Ribeiro
Imagens: Divulgação
Parabéns para essas meninas lindas e antenadas. Parabéns aos que orientaram e apoiaram a iniciativa. Dá uma lavada na alma nesses tempos difíceis. Orgulho de voçês!
Imprecionante como meninas tão jovens já são concientes com a problemática das queimadas e já estão buscando soluções para o problema
Parabéns a todos
Adorei a iniciativa dessa turma bonita. Orgulho da minha sobrinha Maya estar envolvida em causa tão importante. Vamos salvar o que resta do cerrado.