Com um carrinho de supermercado, estudantes de São Paulo (SP) incentivam a leitura entre jovens do ensino médio.
Para incentivar a leitura entre os estudantes do ensino médio da Escola Estadual Dona Cyrene de Oliveira Laet, de São Paulo (SP), um grupo de jovens teve uma ideia inusitada: criar uma biblioteca móvel em um carrinho de supermercado.
A iniciativa “Metamorfoses Literárias”, realizada durante o ano de 2016, mobilizou cinco turmas do 2º ano do ensino médio. O nome da ação foi escolhido como forma de evidenciar a transformação na relação dos alunos com a literatura. “Alguns alunos nunca tinham lido um livro inteiro, mas já no final do ano a média era de três a quatro livros por pessoa”, conta a professora coordenadora do projeto Sandra Martins Modesto.
“Nós montamos um grupo no whatsapp para compartilhar os resumos dos livros, trocamos muitas experiências e isso acabou nos aproximando”, lembra o estudante Júnior Oliveira. Além da biblioteca móvel, os alunos também promoveram saraus com a participação da comunidade e montaram um clube de leitura e de contação de histórias entre as turmas.
Conquistas e transformações
Os estudantes decidiram se mobilizar quando descobriram que a biblioteca da escola ficaria fechada no período matutino por não ter um funcionário para administrar o local. “Com o espaço fechado, seria muito difícil fazer com que as pessoas ficassem no contraturno das aulas para ler. Muitas estavam treinando para o vestibular, então decidimos levar os livros até elas”, conta o estudante Wesley Gonçalves, que viu no projeto uma possibilidade de se enturmar com os outros alunos.
Ainda de acordo com Wesley, o “Metamorfoses Literárias” contribuiu não só para a transformação do colégio, mas também quebrou estereótipos entre os estudantes: “vários colegas tinham preconceitos com os mais bagunceiros, mas eles também se envolveram nas leituras e apresentações. Isso foi muito legal”. Com este simples gesto, segundo a aluna Cristiane dos Santos, “muitos que não tinham o interesse de ler ou não possuíam o acesso a livros decidiram fazer este primeiro contato”.
Duas vezes por semana, entre os meses de abril e novembro do ano passado, os jovens circularam pela escola com mais de 200 obras no carrinho e incentivaram os colegas a se transformarem por meio da literatura. ”Os alunos abraçaram o projeto e isso gerou uma grande movimentação de novos alunos leitores”, avalia Sandra. Para garantir o bom estado dos livros, os próprios estudantes se organizavam para registrar todos os empréstimos que eram realizados.
Legados do projeto
Apesar do sucesso, o estudantes tiveram que superar alguns desafios como, por exemplo, a necessidade de se organizarem para que todos os livros emprestados estivessem devidamente registrados. “Vários alunos falavam que o projeto não daria certo e zoavam a gente por causa do carrinho”, lembra Anderson. Depois do projeto, ainda segundo o jovem, os estudantes passaram a participar mais de outras questões relacionadas ao contexto escolar.
Para a aluna Cristiane, a ação foi divisora de águas no que se refere à passividade e ao protagonismo dos estudantes no colégio. “Muitas vezes nos sentimos desmotivados pelo sistema da escola pública, mas o projeto me inspirou a olhar para a escola de maneira positiva porque conseguimos realizar uma grande mudança”, conclui.
Redação: Vanessa Ribeiro
Edição: Gabriel Maia Salgado
Imagens: Divulgação
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